Pegue um grande pote de barro e adicione pedras, sementes, madeira, verdadeiras esculturas feitas com cabelos e toda a riqueza visual das tribos africanas. Misture tudo, acrescente doses generosas de cores vibrantes, palhas, búzios e respeito pelo sagrado. Tempere com doses de ritmo e alegria, e leve para assar em forno pré-aquecido pelo sol que brinda a Mãe - África.

O resultado dessa receita é a moda afro-brasileira, que nos brinda com vestidos, túnicas, calças, macacões, turbantes e saias que mais do que vestir o corpo, expressam a afirmação e a valorização das culturas e identidades africanas presentes no Brasil.

Para refletir sobre essa temática, à Fundação Cultural Palmares – Minc (FCP), em parceria com a Associação Nacional da Moda Afro-Brasileira (ANAMAB) e a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura, realizou nos dias 24 e 25 de outubro/2013, em Belo Horizonte/MG, o I Seminário – Moda, Estética Negra e Economia Criativa, que pretende também debater o mercado de moda afro-brasileira e a sua relação com a economia criativa e a estética negra.

De acordo com Lindivaldo Júnior, diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP – Minc, a ideia da realização do seminário surgiu a partir de uma  demanda proposta pelas produtoras e criadoras de moda afro-brasileira, a necessidade de se  discutir a situação atual da moda afro-brasileira em nosso país. Ainda segundo ele, o evento que acontecerá dentro da programação do Festival de Arte Negra – 7ºFAN-BH é mais uma forma de subsidiar a construção de uma Política Nacional de Cultura Afro-brasileira.

“Embora existam algumas ações, em âmbito federal, que contemplem a cultura afro-brasileira, nós precisamos de uma política estruturada que atenda as necessidades da população”, afirma. “O conjunto de debates que a FCP tem realizado nas comemorações dos seus 25 anos são também uma forma de reunir materiais que vão contribuir para a construção dessa Política. A moda, que é uma das formas de expressar e representar a nossa cultura, também precisa subsidiar essa caminhada”, pontuou.

Mapeamento – O Seminário – Moda, Estética Negra e Economia Criativa também será uma oportunidade identificar a cadeia produtiva do setor, capacitar os profissionais e fomentar o mercado dando visibilidades a este segmento.

A Makota Kizandembu Kiamaza, uma das coordenadoras da ANAMAB, ressalta que a partir desse trabalho, será possível identificar a cadeia produtiva e criativa da moda afro-brasileira “A partir daí, vamos discutir porque a nossa moda não tem visibilidade no Brasil”, declara. “Quando se fala que a moda brasileira movimenta cerca de 20% da economia, é importante questionar porque as produtoras de moda afro-brasileira não estão inseridas nesse contexto”, alerta a Makota.

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